outro dia, ouvi a pergunta que me virou do avesso:
"você tá mesmo comprometida com a vida que diz querer?"
e eu percebi que sim, eu estava comprometida. mas não com quem eu era naquele momento. eu vivia alternando entre quem eu fui & quem eu desejava ser. meu olhar estava preso ao futuro ou ao passado. Nunca ao presente. e naquele momento eu entendi:
e pra haver raiz, tem que haver corpo. sustentação. presença. Eu só aprendi a sustentar o caminho quando parei de olhar pra onde queria ir ou pra quem já fui e passei a olhar pra onde eu tô agora. quem eu sou hoje é quem sustenta. é quem merece ser celebrada.
aí, outra pergunta me atravessou:
como você celebra quando você começa a ser quem você pediu para ser?
tô falando do ser & não apenas do ter. A gente não foi ensinada a celebrar o yin1. O mundo aplaude o yang. fomos condicionadas a aplaudir o “fiz”,o “entreguei” e o “provei que sou capaz” e nunca o “senti”,o “soltei” e “me curei”.
celebrar o Yin é declarar guerra à linearidade. é cultuar a circularidade2 da vida.
e se eu te dissesse que o meio — esse espaço estranho entre o que foi e o que virá — pode ser o lugar mais sagrado?
a gente passa tempo demais esperando o resultado pra comemorar. mas a natureza celebra todos os dias. a lua não espera ficar cheia pra ser sentida. a semente não espera virar flor pra receber a luz.
é no meio que muitas vezes trocamos de pele. é no meio que desistimos de agradar. é no meio que fazemos as pazes com a nossa sombra. é no meio que sustentamos o não que salva a nossa alma. é no meio que podemos sair do automático e voltar para dentro da gente.
quantas dessas conquistas emocionais você já celebrou? se não vieram com R$, contrato ou prêmio visível, talvez tenham sido engolidas pela correria. não é sua culpa. não nos ensinaram a celebrar o invisível mas é nossa responsabilidade quebrar esse ciclo.
o capitalismo quer festa depois da entrega. o patriarcado só aplaude se tiver troféu. celebrar o processo é sustento. celebrar o processo é se nutrir do que você já está sustentando. é se manter viva antes de dar certo.
se não cuidamos do meio, o tal "fim" que nem existe nos encontra exaustas, frustradas e, pior: pensando “será que eu queria mesmo isso?” mas ao menos, às vezes a gente consegue uma boa foto pra postar, né?
ai mona a vida é mais do que isso. quando você se nutre do que está sustentando emocionalmente, o corpo entende que ele pode mais. se você não sustenta o que sente, o destino perde o sentido.
nossa ancestralidade não podia celebrar emoções. elas estavam ocupadas demais sobrevivendo. lutando pra serem vistas como humanas. muitas de nós infelizmente, ainda não podem. então se você pode celebrar, entenda isso como um convite. celebrar o processo é homenagear quem não pôde dançar no próprio corpo.
aprender a celebrar meu corre interno foi o que me manteve firme nos dias em que eu queria me apagar pra caber. quando o brilho alheio quase me cegou pro caminho que eu mesma construía.
minha micro-revolução? celebrar o corre interno.
e talvez seja esse o segredo: quando você comemora o processo, ele te devolve prazer. uma mulher emocionalmente resolvida faz mais pelo mundo do que jornadas exaustivas
quando o processo vira prazer, a gente quer continuar. quando a vivência é gostosa, o destino importa menos
situações que talvez você nunca aplaudiu, mas hoje eu te convido a conceder a honra e a permissão de comemorar
✶ quando você definiu limites.
✶ quando você se achou gostosa mesmo sem fazer nada pra “merecer”.
✶ quando você dormiu ao invés de ser produtiva ou útil
✶ quando você escreveu o que sentia e se acolheu sozinha.
✶ quando você não respondeu na hora e não se desculpou por isso.
✶ quando você se priorizou.
✶ quando você mudou de ideia e não se justificou.
✶ quando você disse “não sei” e não correu pra estudar pra merecer falar sobre o assunto
✶ quando você teve coragem de ficar onde tava, sem subir, sem correr, só sentir.
✶ quando você pausou a vida pra fazer algo que você gosta
✶ quando você se afastou de alguém sem fazer show, mas com firmeza.
✶ quando você sentiu que tava tudo desmoronando e mesmo assim manteve a vela acesa.
✶ quando você pediu ajuda
✶ quando você agiu diferente em uma situação que você sempre caia em padrões de sabotagem
✶ quando você perdoou alguém e entendeu que aquilo não te faz fraca.
✶ quando você sentiu ciúme ou carência e não se humilhou.
✶ quando você olhou pra sua dor sem tentar se consertar.
tudo isso pode (& deve) ser celebrado com a mesma intensidade que você celebra uma aprovação na faculdade, uma casa nova ou qualquer conquista material. não é sobre substituir as grandes vitórias, é sobre lembrar que sua travessia emocional também merece brinde. a intenção aqui é te dar ainda mais motivos de festa, pra chorar, meu amor, nós temos vários.
✶ a pergunta que fica:
você acolhe seu processo com exaltação? ou ainda está esperando o tapete vermelho do resultado final?
hoje eu te convido a se exaltar no meio da bagunça. no meio da criação. no meio do medo. no meio do amor. a roda não tem fim & ela recomeça na gente, te convido a girar ela com (muito) prazer, Deusa.
com caos & harmonia,
༺ Esse é só o começo, baby. Quer mais? Clica aqui & vem ༻
quando eu falo de yin e yang, tô falando das forças arquetípicas. O feminino e o masculino no sentido hermético & energético. o uso do gênero nesse caso é apenas para simbolizar que existe uma polaridade.
por favor, não confunda com esse papinho que diz que “energia feminina” é usar vestido rosa e ser submissa e “energia masculina” é pagar o uber e a conta do jantar. não compactuo com essa distorção que só reforça o patriarcado e papéis sociais de gênero. sinceramente, talvez eu tenha criado essa newsletter só pra falar mal disso <3
mona se você nunca ouviu esse termo, pensa assim: na natureza, tudo gira. até a vida. a gente só esqueceu. circularidade, aqui, é a lógica ancestral que honra o tempo em espiral, onde todo "fim" é recomeço. a sabedoria que entende que tudo pulsa em ciclos.
no três de copas, três mulheres dançam em círculo, taças erguidas, celebrando o prazer de simplesmente existir juntas. representa abundância. amizade. conexão. elas se elevam mutuamente, celebrando a contribuição única de cada mulher para o grupo. e essa, pra mim, é a utopia: o futuro é comunidade, circular e farto. e a gente brinda ele agora.